31.8.12

Resenha: Serena, Ian McEwan

Título: Serena
Autor: Ian McEwan
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Romance, Ficção
Páginas: 384
Publicado em: 2012
Avaliação: 4 ½  estrelas
Sinopse: Ao ser contratada pelo MI5, o Serviço Secreto Britânico, a protagonista Serena se vê como participante de uma mentira cujo objetivo é fomentar a criação de uma ficção. Isso porque ela é incumbida de estabelecer contato com um escritor a quem não pode contar que é uma espiã, nem que o dinheiro que ele passará a receber virá do Estado. Mas o contexto de toda essa armação é uma guerra muito real, num período bastante violento da história da Inglaterra, especialmente por causa da atividade do IRA. E, para Serena, o caso envolve ainda sua vida pessoal, tanto no que se refere a seu antigo amante, que a introduziu no MI5, quanto no que se refere ao escritor que é vítima do ardil, por quem acaba se apaixonando. Ela é, portanto, agente e vítima, personagem e criadora, num romance em que todos esses papéis são questionados com fervor. Ora, ao conhecermos a ficção de Tom Haley, o escritor que não sabe que está na folha de pagamento da Inteligência Britânica, já notamos essa curiosa relação entre o real e o fictício, mediada pelo criador. Mas será apenas quando concluirmos a leitura de Serena que teremos a verdadeira dimensão do grau que atingiu essa fusão, tanto na história que estamos lendo quanto na nossa relação com o livro e seus personagens. A literatura experimental, questionadora, pode adotar várias máscaras. Nesse romance, Ian McEwan a veste nos trajes mais discretos e, talvez por isso mesmo, mais eficientes.

Serena é um romance bem diferente dos YA que dominam a minha estante e no começo fiquei um pouco receosa sobre como seria o desenvolvimento da leitura, não sabia se iria fluir. A minha escolha foi feita, principalmente, pelo nome do autor: Ian McEwan. Já ouvi falar maravilhas sobre o livro Reparação e algumas pessoas que me viram com Serena nas mãos comentavam: “Você já leu Reparação? Não?! Então você precisa ler!”. Depois a sinopse também me atraiu por ter literatura envolvida.

A sinopse já diz tudo sobre a história, mas não diz nada sobre Serena. Ela é uma jovem de aproximadamente 21 anos, formada em matemática e apaixonada por literatura. Ela queria mesmo fazer Letras, afinal ela lia de 2 a 3 livros por semana, mas a mãe dela não permitiu. De qualquer forma, por uma obra do destino, Serena vai parar no serviço secreto inglês como uma funcionária do mais baixo nível, até que ela é escalada para participar da missão “Tentação” graças ao seu conhecimento literário.
O cenário é uma Inglaterra em meio à guerra-fria e ataques terroristas por parte do grupo IRA, da Irlanda. O país está pobre, decaído... Bem diferente do que vemos hoje, ou pelo menos da ideia que temos. Durante a narrativa são feitas muitas referências políticas e históricas, coisas que eu não sabia, não entendi e tornou a leitura um pouco chata. Minha vontade era pular esses pedaços, mas eu fui forte e li tudo!

Ian McEwan tem uma escrita rica e cuidadosa. Nada é simplesmente jogado ali, ele dá uma atenção toda especial a cada detalhe, o que permite que formemos toda a cena de forma impecável em nossas cabeças. Mas nem por isso a narrativa é complexa (Ok, a parte “teórica”, que eu já mencionei, foi complexa para mim). Ian consegue te prender completamente do começo ao fim com a combinação romance/suspense/drama/cotidiano e ele te envolve na vida de Serena de tal forma que é impossível sair de lá antes de chegar ao final.

E o final? OMG. Eu nunca me surpreendi tanto com um final!! Eu nem imaginava que toda essa narrativa poderia chegar naquele ponto. Por um momento achei que iria odiar o livro, pois estava esperando um final previsível, porém o autor superou todas as minhas expectativas e eu AMEI!!

A edição da Companhia das Letras está de parabéns! Só não gostei da capa... Acho que tem a ver com a história, mas a foto da menina deturpou a imagem da minha Serena.
4 ½ estrelas só por causa dos detalhes políticos, da guerra etc. (Se você gosta dessa parte da história, isso não será um problema. Eu não gosto.) Mas é um livro que eu super recomendo e vale a pena para sair um pouco do mundo das distopias, sobrenaturais e chicklits.

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