Resenha: Garotas de Vidro, Laurie Halse Anderson

Título: Garotas de Vidro

Autor: Laurie Halse Anderson

Editora: Novo Conceito

Gênero: Ficção, Drama

Páginas: 272

Publicado em: 2012

Avaliação: 5 estrelas

Sinopse: Lia e Cassie são amigas há anos, ambas congeladas em seus corpos. No entanto, em uma manhã, Lia acorda com a notícia de que Cassie está morta, e as circunstâncias de sua morte ainda são um mistério. Não bastasse isso, Cassie tentara falar com Lia momentos antes, para pedir ajuda.  Lia tem de lidar com o pai, que é um renomado escritor, sua madrasta e a mãe, uma cardiologista que vive ocupada, salvando a vida dos outros. Contudo, seu maior tormento é a voz dentro de si mesma, que não a deixa se esquecer de manter o controle, continuar forte e perder mais, sempre perder mais, e pesar menos. Bem menos.

Garotas de Vidro é o tipo de livro que a sinopse não diz nada, absolutamente nada mesmo sobre o real teor da história. Na contracapa só tem o primeiro parágrafo da sinopse acima e, de verdade, eu achei que as meninas estivessem congeladas mesmo, em um estilo Across the Universe, sabem?

Doce engano... A história narrada no livro é algo bem real.

Lia e Cassie são amigas de longa data e já passaram por muitas coisas juntas, inclusive entraram em uma situação muito perigosa para a vida de ambas: a bulimia e a anorexia.

Sim, o livro é sobre uma menina que é magra, mas se acha obesa. Lia tem anorexia e assim machuca a si mesma e as pessoas ao seu redor. A leitura é tensa, a realidade (ou não) de Lia é cruel. Dói. Os pensamentos e as atitudes que ela tem são doentios, mas ela não enxerga isso. Para Lia, quem não enxerga a verdade são os outros e, de certa forma, ela tem razão. Seu pai, por exemplo, não vê que ela ainda tem um problema, ou pelo menos finge que não, porque assim é mais fácil.

“Eu sou essa garota.

Eu sou o espaço entre minhas coxas, com a luz do dia brilhando por ali.

Eu sou a ajudante de biblioteca que se esconde na sessão de Fantasia.

Eu sou o circo de aberrações envolto em cera de abelha.

Eu sou os ossos que elas querem, em uma moldura de porcelana.”

A escrita da Laurie H. Anderson é fantástica, é poética, quase nos mesmos moldes de Estilhaça-me: sem vírgulas, com repetições e rabiscos, mas acrescente a isso uma diagramação única, pensamentos perdidos, capitulação diferenciada, páginas em branco. Só vendo o livro para entender. É brilhante.

A cada página que eu passava, meu coração se apertava mais e mais. Faz 3 semanas que li o livro e ainda não consigo descrever o sentimento que ficou em mim. Fiquei transtornada. Não é alegria, não é amor, nem paixão. Não é paz, não é ódio, nem tão pouco pena. Um choque.

A autora consegue passar em suas palavras cada angústia, cada dúvida, cada sofrimento, cada pesadelo e assombração de Lia e aquilo fica em você e é impossível ignorar. É pesado.

5 estrelas porque não é apenas lindo, é real e triste. Em um mundo literário de seres sobrenaturais, ou onde tudo é perfeito, é bom encontrar uma obra como essa. Fiquei quase sem palavras para descrevê-lo. Tenso, mas a escrita dela é profunda e vale a pena conferir!

Acho que a reação emocional ao livro vai variar de acordo com cada pessoa, no momento em que ela está ou experiência pessoal. Para mim foi mais que tocante.